quarta-feira, 3 de abril de 2013

Uma boa revisão, parte I MOTOR

Amigos,

Falei, na postagem de 6 de março, sobre a manutenção de veículos em garantia, onde compulsoriamente temos de encarar o serviço das concessionárias autorizadas.

E nos carros fora da garantia? Como efetuar a correta manutenção preventiva? E para aquele veículo cuja manutenção vem sendo negligenciada por algum tempo, o que conferir?

Aqui, como nos carros em garantia, o MANUAL DO PROPRIETÁRIO será seu principal aliado, pois especifica prazos, verificações e trocas preventivas necessárias. Porém, o livreto de bordo não é completo e, se você, entusiasta assim como eu, deseja que seu carro fique 100% seguro e confiável, seguem algumas dicas.

Revisão - Foto: Google imagens
A principal dica é achar um mecânico de confiança. Como veremos a seguir, a maioria das peças podem - e devem - ser verificadas antes da troca. Muitos mecânicos e concessionárias simplesmente trocam a peça, sem testá-la para verificar a real necessidade da troca. Seu carro fica bom, mas a um preço maior que o realmente necessário. Um bom mecânico, de confiança, substituirá, com vantagens, essas dicas.

O que verificar, o que limpar, o que reapertar e o que trocar? Neste e nas próximas postagens abordaremos o assunto, considerando que você não esteja reparando nenhum defeito imediato em seu carro, começando pelo MOTOR:

No cofre do motor, devem ser inspecionados todos os componentes a procura de vazamentos, parafusos soltos, tomadas e mangueiras mal encaixadas, et cetera.

Com um scanner plugado ao sistema, deve ser feita uma varredura do sistema de injeção, a procura de erros que indiquem algum problema. Com tal procedimento, é possível identificar sondas e sensores com mau funcionamento, problemas de ignição, admissão, entre outros.

Óleo, filtro de óleo e filtro de combustível não podem ser verificados. Troque no prazo recomendado pelo manual do proprietário. Comprou o carro agora e não sabe quando foi a última troca? Troque logo, assim esses itens ficam "zerados" e o custo nem é tão alto. Atente para a troca por tempo ou por quilometragem, pois o óleo degrada também com o tempo. Não subestime a recomendação do manual do proprietário para as trocas na metade do tempo no caso de "uso severo". Pode não parecer, mas rodar na cidade em percursos curtos é uma das piores condições para o motor em relação a lubrificação (isso será assunto para uma postagem, no futuro).

Atenção aos donos de Ford Fiesta ou Ecosport equipados com o motos 1.0 supercharger, pois ao contrário de outros carros com turbina, estes não utilizam o próprio óleo do motor para lubrificá-la e sim circuito de óleo à parte, com especificações de lubrificante e intervalo de troca específicos.

O filtro de ar até pode ser verificado, mas troque-o no prazo indicado e também respeitando os prazos de "uso severo". Sua troca poderá revelar a necessidade de limpeza no corpo de borboleta, com o uso de descarbonizante. Atenção mais uma vez aos donos de Ford, pois os motores Zetec Rocan possuem corpo de borboleta autolimpante. Sua limpeza pode danificar o revestimento de teflon.

Velas de ignição, correia dentada, correia de acessórios e tensionadores de correia devem ser trocados preventivamente. Porém, como são itens com um intervalo de troca maior, devem ter seu estado verificado e devem ser substituídos se apresentarem folga acentuada nos eletrodos, no caso das velas, ou desgaste aparente ou folga, no caso das correias e tensionadores.

Na substituição das velas é importante verificar o estado dos cabos de vela e do cabo de alta tensão, substituindo-os apenas se houver problemas de ruptura ou mal contato.

As correias, por serem de borracha, devem ser trocadas também por tempo. Neste caso, é raro a necessidade da troca dos tensionadores. Fique atento, pois muitos mecânicos "casam" a troca desses componentes e a troca dos tensionadores só será necessária se for por quilometragem ou se apresentarem alguma folga, facilmente perceptível pelo ruído de seus rolamentos.

Fique atento a realização do serviço de substituição da correia dentada, pois o motor deve ser travado com ferramentas específicas. Fuja de mecânicos que usarem artifícios como fazer marcas com tinta nas polias, sob o risco de se perder  o "ponto" de sincronia do motor.

Fluido de freio deve ser trocado somente por tempo e nunca por quilometragem. Geralmente com um ou dois anos, dependendo do fabricante. Durante as revisões, é importante verificar seu índice de umidade com equipamento próprio e abreviar sua troca, se necessário.

Em alguns carros, existe fluido de embreagem à parte (na maioria dos carros o fluido de freio também atua na embreagem hidráulica). Sua manutenção será idêntica à do fluido de freio.

Fluido da direção hidráulica deve ter seu nível verificado e deverá ser substituído se houver a formação de depósitos ou borra em seu reservatório.

O líquido de arrefecimento deve ser trocado conforme orientação do fabricante e usar sempre o aditivo recomendado. Ao contrário do que muitos pensam, o aditivo de radiador não tem como principal função elevar o ponto de ebulição da água e sim garantir que as peças metálicas do motor não oxidem. A água circula pelo bloco do motor e sem o aditivo na proporção correta a oxidação é inevitável, podendo levar até a ruptura de juntas e selos d'água e a contaminação dos cilindros.

Recomendo ainda a substituição do reservatório de expansão, quando sua coloração não permitir mais a correta conferência do nível de água. A tampa do reservatório também deve ser verificada e trocada se não vedar com eficiência o vapor.

Nos carros em que já exista oxidação é possível que a substituição do fluido de arrefecimento revele vazamentos no sistema, Isso ocorre por que a própria oxidação "tampa" alguns pequenos furos no radiador ou mangueiras. Por isso, a manutenção não é recomendável na véspera de uma viagem, por exemplo, pois será necessário conferir e corrigir eventuais vazamentos.

Preventivamente, pode-se verificar a pressão do sistema de arrefecimento, através de um manômetro. Isolando uma ou outra parte identifica-se a origem de eventuais vazamento e também o correto funcionamento e estanqueidade da bomba d'água. Cuidado com a pressão que seu mecânico aplica no teste. Pressões acima de 0,5 bar vão acabar por criar vazamentos novos.

Teste semelhante poderá verificar a pressão no sistema de alimentação e determinar o correto funcionamento e estanqueidade da bomba de combustível.

Alguns motores exigem a regulagem de válvulas, procedimento que exigirá a abertura do cabeçote e a consequente troca da junta. A linha Honda exige a regulagem, bem como o famoso VW boxer refrigerado a ar. Como sempre, o manual do proprietário dirá se este é o caso do seu carro.

Procedimentos como limpeza de bicos eletroinjetores e descarbonização do motor devem ser considerados manutenção corretiva e somente realizados caso seja comprovada sua necessidade. Para que uma oficina ofereça a limpeza dos bicos, ela deve demonstrar que sua vazão não está balanceada com os demais através de um equipamento de ultrassom que mede a vazão de cada eletroinjetor. Descarbonização do motor só é necessária quando comprovada sujeira no interior dos cilindros.

Equipamento de teste de bicos eletroinjetores - Foto: MercadoLivre
 Por fim, fuja de produtos acessórios, como aditivos para combustível e aditivos para óleo. São completamente desnecessários e podem até causar danos ao motor, pois alteram as propriedades químicas do óleo e do combustível. Prefira abastecer em postos de confiança e usar óleo de boas marcas. Bom para o seu bolso e para a saúde do seu motor.

Na próxima postagem, suspensão, freios, câmbio e iluminação.

Forte abraço e até a próxima!

Bruno Hoelz 

10 comentários:

  1. Show de bola estas postagens sobre revisão!!!
    Agora que comprei o carro vou ficar te pertubando... hahaha

    Abraço!!!

    PS.: Comprei o Fox 1.6 Completo mesmo!!! rs

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  2. Opa! Parabéns pela compra! seja feliz com o novo brinquedo.

    Grande abraço,

    Bruno Hoelz

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  3. Mto obrigado!!!
    Quando pegar ele vou tirar uma foto p te mostrar!!! Tá bunitão ele.. rs
    Sonhei com o Honda Fit, mas estava puxado para mim...
    Mas quando trocar de carro, vai ser por um Honda.. rs

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  4. Veja, o VW Fox é um excelente primeiro carro.

    Abraço,

    Bruno Hoelz

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  5. Parabéns pelo Blog. Descobri agora e pretendo acompanhar, tal como faço com alguns canais do YouTube. Uma pergunta: você recomenda alguma (ou algumas) oficinas de confiança no Rio de Janeiro, ao estilo do nosso ADG? Segue meu e-mail, caso prefira responder fora do Blog (antoniosa@uol.com.br). Mais uma vez, parabéns pela iniciativa.

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    1. Olá Antonio, obrigado!

      Na verdade moro no interior do estado, em Nova Friburgo. Minha oficina de confiança fica em Bom Jardim - RJ (Oficina do Nilso - 22 2566 3541).

      O Nilso, à exemplo do ADG, volta e meia corrige ponto de motores Fiat, pois é um dos únicos a ter em sua oficina as ferramentas de fasagem, relógio comparador, etc. Foi essa experiência que me fez seu cliente.

      Aliás, é só ele quem faz a manutenção do meu Tocantins 1991!

      Além do Nilso, eu frequento a Concessionária Ford de Nova Friburgo, apenas para manutenção preventiva em garantia (são razoáveis em preço e qualidade de serviço) e a Concessionária Honda de Niterói (esta tem uma excelente oficina e bons preços).

      Minha única experiência com oficinas independentes no Grande Rio foi em Niterói, na oficina da Porto Seguro em Icaraí. O gerente de lá se chama Sérgio e é um profissional também no "estilo ADG".

      spero Tê-lo ajudado.

      Um forte abraço,

      Bruno Hoelz

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  6. Caro Bruno,

    Muito obrigado pela resposta! Niterói fica um pouco distante pra mim, mas, pelo menos, é mais perto que Belo Horizonte (rsrsrs). Por enquanto, meus carros ainda estão frequentando concessionária, pois estão em garantia, mas tenho um Fox que acabou de sair e considero a possibilidade de visitar uma oficina de confiança. Já testei os serviços do Centro Bosch do Itanhangá (Rio), pois tive boas referências do Claudio Arakaki. Só achei um pouco caro quando fiz um serviço pesado lá em um Renault Scénic que tive (câmbio). Um profissional como o ADG no Rio iria "fazer a festa". Permaneço acompanhando.
    abs
    Antonio

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    1. Antonio,

      O ideal é fazer isso mesmo: ir criando suas próprias referências o mais perto possível de casa.

      Um entusiasta atento como você sobreviverá às concessionárias durante a garantia sem maiores problemas.

      Fico feliz que esteja gostando (e acompanhando!). Estou um pouco atrasada em relação as novas postagens de 2014, mas já estou trabalhando em algumas.

      Um forte abraço,

      Bruno Hoelz

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  7. Gostei da sua postagem , pois ajudou na minha dúvida de como é feito a revisão , comprei um carro Scenic 2003 e pretendo levar para fazer uma revisão nele , mas infelizmente tem tanto mecânico que não faz jus a sua profissão , acaba gerando desconfiança em quem levar. De qualquer maneira obrigada pelo esclarecimento.

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    1. Olá Eliane, que bom que ajudei.

      De fato tem muito mecânico picareta por aí, o que acaba deixando a gente desconfiado, dos bons e dos maus.

      Boa sorte com seu Scenic!

      Bruno Hoelz

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